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No apagar das luzes, Agro manobra última boiada do governo Bolsonaro

Campanha em Guarapuava (PR) alerta para perigos dos agrotóxicos

Crédito: @samuelfbueno/Mídia ECO

21 dez 22

No apagar das luzes, Agro manobra última boiada do governo Bolsonaro

Na tarde de segunda-feira (19) a Comissão de Reforma Agrária e Agricultura do Senado aprovou parecer favorável ao Pacote do Veneno (PL1459/2022)

O Pacote do Veneno é um compilado de projetos legislativos que objetiva substituir a atual Lei dos Agrotóxicos (Lei 7.802/1989) por texto novo, eliminando inclusive a palavra “agrotóxico”, e substituindo por um termo mais brando: pesticida. O texto flexibiliza a liberação e o uso de agrotóxicos no país, além de conduzir a Anvisa e o Ibama a um papel secundário nos registros, fiscalização e análise das substâncias.Ao final da reunião, os parlamentares aprovaram ainda pedido de urgência para a apreciação do projeto de lei no plenário da Casa.

Na mesma data, o Greenpeace Brasil apresentou recurso ao Tribunal de Justiça de Rondônia em resposta à ação judicial movida pelo senador Acir Gurgacz (PDT – RO) por seu posicionamento contra a aprovação do “Pacote do Veneno”. Mais de 300 organizações de saúde e meio ambiente, órgãos do governo – como o Ibama, o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Ministério Público Federal (MPF), a Fiocruz e a Anvisa – e até a Organização das Nações Unidas já se manifestaram contra esta medida.

Já na noite de terça-feira (20), o Senado aprovou em plenária o PL do Autocontrole, um projeto de lei que vai permitir que as próprias indústrias agropecuárias fiscalizem a sua produção de alimentos. Essas atividades são, hoje, exercidas exclusivamente por fiscais do Ministério da Agricultura. A “fiscalização terceirizada”, que retira parte da função dos fiscais federais agropecuários, subordinados ao Ministério da Agricultura, tem sido contestada pelo Sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical). O PL já passou pela Câmara dos Deputados e segue, agora, para sanção presidencial.

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Agrotóxicos: órgãos públicos fazem ‘operação abafa’ após intoxicação em escola de Sinop (MT)

Após receber multa, agricultor retirou a soja que estava mais próxima da escola (área raspada da plantação, no centro da foto)

Crédito: Fernando Martinho/Repórter Brasil

19 dez 22

Agrotóxicos: órgãos públicos fazem ‘operação abafa’ após intoxicação em escola de Sinop (MT)

Na cidade conhecida como ‘berço da soja’, prefeitura e órgão estadual se recusam a fornecer informações e prejudicam o tratamento de crianças de 4 a 11 anos que foram vítimas de intoxicação por agrotóxico. Cerca de 150 crianças e funcionários da escola foram intoxicados por agrotóxicos aplicados na plantação de soja de Carlos Henrique Moreira Alves, a menos de 20 metros da Escola Municipal de Educação Básica Silvana. O caso ocorreu no dia 2 de dezembro na zona rural de Sinop, Mato Grosso.

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14 mil pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos durante governo Bolsonaro

Homens negros são o perfil mais comum de vítimas de intoxicações; pesquisadores apontam racismo estrutural como uma das causas

Crédito: pixabay

15 dez 22

14 mil pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos durante governo Bolsonaro

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), 14.549 pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos no Brasil. Lavouras de soja, fumo e milho são campeãs em intoxicações. Levantamento inédito feito pela Agência Pública e Repórter Brasil, com dados de 2019 a março de 2022 do sistema de notificações do Ministério da Saúde, mostra que essas intoxicações levaram a 439 mortes — o que equivale a um óbito a cada três dias.

Nesse período, o Brasil bateu o recorde de aprovações de pesticidas, com mais de 1.800 novos registros, metade deles já proibidos na Europa. Existem hoje 3.748 produtos agrotóxicos comercializados em todo o Brasil.

O governo de Bolsonaro também foi marcado pelo avanço na tramitação do Projeto de Lei 1459/2022, apelidado de “Pacote do Veneno”, que pode facilitar ainda mais a aprovação dessas substâncias.

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Agrotóxicos matam um brasileiros a cada dois dias, aponta estudo

Pesquisa revela crescimento do lobby agroquímico estrangeiro no Brasil

Crédito: charlesricardo/Pixabay

28 abr 22

Agrotóxicos matam um brasileiros a cada dois dias, aponta estudo

Um brasileiro morre a cada dois dias por intoxicação de agrotóxicos. Entre as vítimas, 20% são crianças e adolescentes de até 19 anos. Os dados são  de um relatório publicado pela rede ambientalista Friends of the Earth Europe, que mapeia a aliança entre empresas agroquímicas europeias e o lobby do agronegócio no Brasil.

O governo Bolsonaro é recordista em liberação de novos agrotóxicos. Dos 3748 produtos agrotóxicos comercializados no país, 1682 foram aprovados em sua gestão, segundo dados do Robotox, ferramenta criada pela agência Pública e pela Repórter Brasil para acompanhar a pauta, que tem como fonte o Diário Oficial da União.

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Garimpo é responsável por "água barrenta" em Alter do Chão (PA), conclui PF

Garimpo explodiu na região durante o governo Bolsonaro

Crédito: Observatório do Clima/Divulgação

17 fev 22

Garimpo é responsável por “água barrenta” em Alter do Chão (PA), conclui PF

Após análise de imagens de satélites registradas entre julho de 2021 e janeiro de 2022, laudo da Polícia Federal (PF) concluiu que a água turva e de aspecto “barrento” identificada em Alter do Chão, no município de Santarém (PA), em janeiro, é consequência do garimpo ilegal e desmatamento na região.

Antes, a poluição dos garimpos ilegais próximos a Alter do Chão, localizados a cerca de 300 km de Santarém, acabava armazenada no caminho mas, com o avanço do desmatamento, os sedimentos passaram a alcançar a vila. 

Corroborando o parecer da PF, o projeto MapBiomas, coordenado pelo Observatório do Clima,  já havia indicado  que a lama dos garimpos de afluentes do Rio Tapajós, como o Jamanxim, o Crepori e o Cabitutu, estaria por trás da água turva de Alter do Chão, conhecida como “caribe Amazônico” por suas águas cristalinas. “É possível ver claramente a pluma de sedimentos descendo dos afluentes tomados pelo garimpo avançando Tapajós adentro”, disse a equipe do MapBiomas em nota à imprensa.

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Morre Josué Borori Txebuare Karajá, liderança indígena do povo Karajá Xambioá

Josué era o cacique mais velho da TI Xambioá (TO)


Crédito: Reprodução/Coiab via Facebook

5 jan 22

Morre Josué Borori Txebuare Karajá, liderança indígena do povo Karajá Xambioá

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) informou o falecimento de Josué Borori Txebuare Karajá, 75, liderança indígena do povo Karajá Xambioá. Segundo a associação, Borori foi vítima de um surto de gripe que tem atingido diversas comunidades indígenas.

Josué era cacique da Aldeia Hawa-Tymara, localizada na Terra Indígena Xambioá,  no município de Santa Fé do Araguaia (TO). Como servidor aposentado da Fundação Nacional do Índio (Funai), “teve atuação importante em vários processos históricos e políticos de seu povo, incluindo a luta pela demarcação da Terra Indígena Xambioá”, escreveu a Coiab.

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Morre Severiano Kedasery, ancião do povo Tariano

Kedasery era considerado grande representante do protagonismo cultural indígena

Crédito: Reprodução/@SarmentoTukano via Twitter

1 jan 22

Morre Severiano Kedasery, ancião do povo Tariano

No último dia de 2021, faleceu o xamã, ator e músico Severiano Kedasery, aos 73 anos. Detalhes sobre o local e causa da morte não foram divulgados. Ao portal de cinema Cineset, uma de suas filhas, Kay Sara, informou que Kedasery morreu em função de uma gripe. “Ele teve morte súbita. Ficou doente de gripe, mas foi muito rápido tudo”.

Entre as produções audiovisuais que atuou como ator,  estão o curta-metragem “Cachoeira” e os longas “A Floresta de Jonathas”, “Antes o Tempo Não Acabava” e “A Terra Negra dos Kawá”, frutos da parceria com o diretor Sérgio Andrade;  a adaptação para o cinema do livro “Relato de um Certo Oriente”, de Milton Hatoum, dirigida por Marcelo Gomes, e o curta “Trovão Sem Chuva”,  de Bruno Bini.

Via Instagram, Kay Sara lamentou a ameaça à memória indígena pela perda de diversos anciões nos últimos anos. “A biblioteca ancestral indígena está acabando, então cuidem para que pelo menos são sejam esquecidos”, escreveu.

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Em 2021, Funai utilizou menos de 1% da verba de combate à Covid-19

Mais de mil indígenas morreram com a doença, segundo a Apib

Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

21 jul 21

Em 2021, Funai utilizou menos de 1% da verba de combate à Covid-19

No primeiro semestre de 2021, a Fundação Nacional do Índio (Funai) executou menos de 1% da verba destinada ao combate da Covid-19 entre a população indígena. Dos R$ 41,048 milhões disponibilizados pelo governo para a aplicar em ações de “Enfrentamento da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional Decorrente do Coronavírus”, a Funai utilizou, entre janeiro e  junho, somente R$ 383 mil. Os dados constam no Siga Brasil, sistema de informações sobre orçamento público federal, e foram compilados pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Em nota, a Funai considerou a reportagem “sensacionalista e leviana” e declarou que “​​vem adotando todas as medidas que se encontram ao seu alcance no enfrentamento ao coronavírus”.

Contudo, a negligência do governo federal na elaboração e execução de um plano de enfrentamento da Covid-19 nos territórios indígenas tem sido denunciada desde do início da pandemia e foi alvo de ação no Supremo Tribunal Federal (STF), a exemplo da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, ajuizada pela Articulação Nacional dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Segundo a organização, já são mais de 1.000 mortes de indígenas pela doença.

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Guerreiro Karapiru Awá Guajá, sobrevivente do massacre de seu povo, morre de Covid-19

História de resistência de Karapiru foi retratada no filme “Serras da Desordem”, lançado em 2006

Crédito: Fiona Watson/Survival International

16 jul 21

Guerreiro Karapiru Awá Guajá, sobrevivente do massacre de seu povo, morre de Covid-19

Morreu, no dia 16 de julho no Maranhão, Karapiru Awá Guajá (“Gavião”) do povo indígena Awa. Descrito como um hábil caçador, gentil e carinhoso, Karapiru sobreviveu ao massacre de seu povo, que foi assassinado  após a descoberta de jazidas de ferro em seu território ancestral. Os invasores mataram sua esposa, filho, filha, mãe, irmãos e irmãs.

Karapiru, então, viveu por 10 anos na floresta sozinho. Anos depois, após se abrigar numa fazenda, a Funai trouxe um intérprete para tentar comunicação com ele. Xiramukû, o tradutor, era seu filho que havia sobrevivido. Sua vida foi retratada no premiado filme, “Serras da Desordem”, de Andrea Tonacci.

Até o fim dos dias, Karapiru viveu na comunidade Awá de Tiracambu. Se casou novamente e ensinava com seu profundo conhecimento da floresta. Ele também sempre que possível se unia à protestos contra o avanço do extrativismo predatório sobre terras indígenas. Ele faleceu após contrair uma infecção de Covid-19.

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Em visita a São Gabriel da Cachoeira (AM), Bolsonaro desrespeita indígenas e não usa máscara

Presidente ironizou a medicina tradicional indígena e inventou povo

Crédito: Marcos Corrêa/PR

27 maio 21

Em visita a São Gabriel da Cachoeira (AM), Bolsonaro desrespeita indígenas e não usa máscara

Em visita a São Gabriel da Cachoeira, conhecido como o município mais indígena do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro ironizou práticas medicinais indígenas e circulou sem máscara pela cidade. A visita acontece enquanto territórios indígenas estão sob franco ataque de garimpeiros armados em consonância com o discurso oficial pró-mineração em terras indígenas.

Em provocação à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que apura a conduta do governo federal no combate à Covid-19, Bolsonaro sugeriu que os parlamentares chamassem indígenas que utilizam a medicina tradicional na prevenção do novo coronavírus para depor, equiparando suas práticas medicinais tradicionais ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada no combate ao vírus, defendidos pelo presidente.

Bolsonaro também foi criticado por lideranças indígenas ao “inventar” uma nova etnia para se referir aos moradores da Terra Indígena Balaio, habitada em sua maioria pelo povo Tukano, como “os balaios”.

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Yanomamis seguem sob ameaça de garimpeiros e enfrentam abandono na saúde

Equipe de saúde deixou comunidade de Palimiú e indígenas estão desassistidos

Crédito: Divulgação Condisi-Y/via ISA

21 maio 21

Yanomamis seguem sob ameaça de garimpeiros e enfrentam abandono na saúde

Após dez dias de ataques consecutivos por parte de garimpeiros armados, iniciados na manhã de 10 de maio, indígenas da comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami (RO), seguem sob ameaça e risco de novas violências. Como agravante da situação vulnerável que os indígenas se encontram, os moradores da comunidade estão sem assistência da equipe de saúde local, retirada da área em função dos ataques.

Em coletiva de imprensa, Dário Yanomami, vice-presidente Hutukara Associação Yanomami, falou sobre os casos de malária e pneumonia entre crianças. “As crianças estão com sintoma de malária, estão com sintoma de diarréia, com sintoma de gripe. No dia 10, quando as crianças foram dormir no mato [em função do ataque] e choveu bastante, sintoma de pneumonia entrou. As crianças estão correndo risco porque não têm assistência à saúde lá”.

O episódio reforça a gravidade da situação da saúde Yanomami, alertam lideranças. O território sofre com a Covid-19, a malária e a desnutrição infantil –  problema que ganhou visibilidade após uma foto de uma criança com desnutrição grave circular nas redes sociais.

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Brasil passa de mil indígenas mortos por Covid-19

Apib destaca subnotificação de casos por parte dos órgãos públicos

Crédito: Alex Pazuello | Prefeitura de Manaus

19 mar 21

Brasil passa de mil indígenas mortos por Covid-19

Quase um ano após o primeiro caso de Covid-19 entre a população indígena no Brasil,  mais de mil indígenas já morreram em função do coronavírus no país, aponta a iniciativa Emergência indígena, criada pela Articulação Nacional dos Povos Indígenas (Apib) frente à omissão do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia. Até 19 de março, a organização contabilizou 5.0995 infectados e 163 povos atingidos pelo vírus. Além da falta de transparência dos dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que impede a identificação de muitas cidades onde os óbitos aconteceram, a Apib aponta que o órgão é um dos principais vetores do avanço da doença em territórios indígenas, por meio dos profissionais que atendem as regiões.  

Desde o início da crise sanitária, a entidade tem denunciado a ausência de um plano concreto de proteção contra a Covid-19 para a população indígena, como faceta da “política de ódio” da gestão Bolsonaro. Em julho do ano passado, a Apib conseguiu, via Supremo Tribunal Federal (STF), a obrigatoriedade da adoção de medidas de proteção aos povos indígenas por parte do governo federal, mas a decisão segue sendo ignorada.

“O Governo Federal é o principal agente transmissor do vírus entre os povos indígenas. A omissão na construção de ações eficazes de enfrentamento a pandemia, a negligência na proteção dos trabalhadores e usuários do Subsistema de Saúde Indígena e a construção de políticas que favorecem a invasão dos territórios indígenas são os principais fatores desse contexto de violações”, diz o site da iniciativa que, em dezembro de 2020, lançou o relatório  “Nossa luta é pela vida”, que detalha o impacto da pandemia entre a população indígena.

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Com aumento de casos de Covid-19, Acre vive crise sanitária agravada por enchentes

Excesso de chuvas causaram o transbordamento de rios no estado

Crédito: SECOM

22 fev 21

Com aumento de casos de Covid-19, Acre vive crise sanitária agravada por enchentes

Com UTIs lotadas frente ao aumento de casos de Covid-19 na região amazônica, o Acre vive uma crise humanitária agravada pelas enchentes causadas pelo excesso de chuvas na região da bacia do estado nos últimos dias. O estado conta com milhares de pessoas desalojadas pelo transbordamentos de ao menos cinco rios e sofre para enfrentar o aumento de casos de Covid-19, o combate à dengue e uma crise migratória, com a busca de venezuelanos por refúgio.

“Esse é um exemplo de como situações não climáticas podem ser agravadas por eventos climáticos extremos”, afirmou o pesquisador José Marengo em matéria do Observatório do Clima. 

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Último ancião do povo Juma morre de Covid-19

Aruká era um sobrevivente do genocídio do povo Juma

Crédito: Odair Leal/Amazônia Real

21 fev 21

Último ancião do povo Juma morre de Covid-19

Por complicações da Covid-19, morreu Aruká, reconhecido como o último homem do povo Juma, dia 17, em Rondônia. O ancião deixou três filhas, netos e bisnetos. Conforme apuração da BBC, como suas sucessoras se casaram com homens do povo Uru-eu-wau-wau, os descendentes de Aruká carregam o sangue das duas etnias, mas, pelo sistema patrilinear, não são Juma, daí o título de último representante. “O governo não cuidou, e agora nós temos que manter o legado do meu avô”, disse à matéria  Bitaté Uru-eu-wau-wau, um de seus netos.

O indígena foi um dos sete sobreviventes do massacre no rio Assuã, no sul do Amazonas, em 1964, que vitimou mais de 60 pessoas, em ataque de comerciantes de Tapauá interessados na sorva e na castanha do território Juma. Em nota sobre sua morte, que foi recebida com consternação por entidades indígenas, o Instituto Socioambiental (ISA) relembrou seu histórico de luta, decisivo para a garantia de direitos de seu povo. 

Por sua extrema vulnerabilidade e risco de desaparecimento, o povo é considerado de recente contato e deveria ter sido protegido por Barreiras Sanitárias contra o avanço da pandemia da Covid-19, segundo determinação do STF, algo que não aconteceu, conforme denúncia da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).

A negligência do governo Bolsonaro com os indígenas durante a pandemia tem deixado marcas irreparáveis na população, e o quadro se mantém com a chegada da vacina contra a Covid-19. Em tese, indígenas que vivem em aldeias – critério apontado como racista por entidades e ambientalistas – estão no grupo prioritário do plano de vacinação nacional, porém, dados recentes apontam que a imunização tem acontecido em ritmo lento, alvo de notícias falsas e discursos religiosos negacionistas. Segundo o G1, 71% dos indígenas da Amazônia ainda não tomaram a vacina. A matéria ouviu relatos de representantes Yanomamis, Kayapós e de outras comunidades amazônicas sobre a desinformação sobre a vacinação. “As mentiras chegam nas redes sociais para nós, na verdade, todas as aldeias, não é só pra nós não. Nos Yanomami [Roraima] aconteceu a mesma coisa e chegaram a denunciar essas pessoas que estavam mandando áudio. Também está acontecendo com os Munduruku [Pará]”, disse o cacique Mobu odo Arara, da Terra Indígena Cachoeira Seca, no Pará.

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Covid-19: Situação dos estados da Amazônia se agrava com nova variante do vírus

Região norte soma quase um milhão de infectados pela doença

Crédito: Juliana Pesqueira/Amazônia Real

28 jan 21

Covid-19: Situação dos estados da Amazônia se agrava com nova variante do vírus

Em meio ao aumento expressivo de casos de Covid-19 no Amazonas, atribuído à nova variante do coronavírus, outros estados da região norte se encontram em alerta. Segundo o jornal Metrópole, Rondônia, Tocantins e Roraima também já não possuem leitos disponíveis de UTI para pacientes do vírus, enquanto Acre, Pará e Amapá registram taxa de ocupação preocupante, acima de 70%. Juntos, os estados da região contabilizavam, até 27 de janeiro, 998.590 pessoas infectadas e 21.373 mortos pela doença.

Manaus segue como o município mais afetado, após a eclosão da crise de falta de oxigênio na cidade, dia 14. Até 26 de janeiro, 302 pacientes foram transferidos de hospitais da capital para outros estados. De acordo com o Ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, a expectativa é que o número chegue a 1.500. 

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Ex-ministros do Meio Ambiente pedem ajuda a países europeus frente ao colapso sanitário na Amazônia

Ex-ministros pedem a proteção dos “guardiões da floresta”

Crédito: Marcio James/Amazônia Real

27 jan 21

Ex-ministros do Meio Ambiente pedem ajuda a países europeus frente ao colapso sanitário na Amazônia

Nove ex-ministros do Meio Ambiente enviaram, no dia 26, uma carta ao presidente da França, Emmanuel Macron, e às primeiras-ministras da Alemanha, Angela Merkel, e da Noruega, Erna Solber, pedindo “solidariedade e colaboração” para a “solução dos problemas amazônicos”. Assinado por Izabella Teixeira, Marina Silva, Carlos Minc, Edson Duarte, José Sarney Filho, José Goldemberg, Rubens Ricupero, Gustavo Krause e José Carlos Carvalho, o documento faz referência aos altos índices de desmatamento e queimadas registrados na Amazônia em 2020 – que agravaram os problemas respiratórios causados pela pandemia da Covid-19–, além de mencionar o iminente colapso do sistema de saúde da região, que teve seu estopim com a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus, capital do Amazonas. 

Ao apresentarem a Amazônia como “especialmente vulnerável à pandemia em razão do isolamento, da pobreza, da estrutura precária de saúde e da dificuldade de acesso”, os ex-ministros apelaram por ajuda para a população local via doação de cilindros de oxigênio, macas, oxímetros, usinas de produção de oxigênio medicinal, entre outros equipamentos. “Conhecendo de perto a realidade amazônica, os signatários desta carta, ex-ministros do Meio Ambiente do Brasil, sabem por experiência que nem o governo federal nem os governos locais possuem todos os meios indispensáveis para socorrer as populações mais frágeis e vulneráveis da região”, diz o texto.

Recentemente, o presidente francês ameaçou suspender a importação da soja brasileira. Já Alemanha e Noruega, antes principais doadoras do Fundo Amazônia, anunciaram que só retomam os investimentos caso o Brasil demonstre esforços efetivos no combate ao desmatamento na região. 

O pedido de ajuda dos ex-ministros aos líderes europeus aconteceu na véspera da declaração de Hamilton Mourão no Fórum Econômico Mundial, na qual criticou a baixa “cooperação financeira e técnica internacional” para a proteção da Amazônia, segundo matéria de Jamil Chade para o UOL. No encontro, Mourão anunciou que o Brasil retomou a negociação com Alemanha e Noruega para o envio de recursos.

 

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Prefeito de Manaus culpa ambientalistas contrários à reconstrução de rodovia por falta de oxigênio na cidade

BR-319 é ameaça à Amazônia, afirmam ambientalistas

Crédito: DNIT/via O eco

18 jan 21

Prefeito de Manaus culpa ambientalistas contrários à reconstrução de rodovia por falta de oxigênio na cidade

Na tentativa de justificar a crise de abastecimento de oxigênio nos hospitais de Manaus pela dificuldade de acesso à cidade, o prefeito David Almeida retomou a pauta da reconstrução da BR 319 e responsabilizou ambientalistas contrários à obra pelo colapso da pandemia. “Tem gente que devasta em seus países e vem fazer aqui lobby contra a nossa estrada, a BR-319, que liga a Porto Velho [RR]. Isso causa o nosso isolamento. Esse isolamento em parte contribui para essa tragédia da Covid”, declarou ao jornal O Estado de São Paulo.  

No atual cenário de emergência, o veículo Amazônia Real destacou que a via não seria uma alternativa eficiente para o abastecimento de oxigênio, como é o transporte aéreo, por exemplo. A matéria também apontou que os proponentes da obra relutam em fazer estudos ambientais e a atender às demandas do IBAMA, enquanto políticos locais a usam como cabo eleitoral.

Para especialistas, a rodovia representa uma ameaça à proteção da Amazônia e um risco à sobrevivência de diversas comunidades indígenas que vivem em seu entorno, ao abrir áreas de florestas para a entrada de grileiros, madeireiros e outros criminosos ambientais. A BR-319 é apontada como uma das principais promessas do governo Jair Bolsonaro para o Amazonas, prevista para 2022.

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Covid-19: Manaus (AM) tem falta de oxigênio em hospitais lotados no pico da segunda onda

Pacientes estão sendo assassinados, denunciam equipes de saúde

Crédito: Amazônia Real/Reprodução

17 jan 21

Covid-19: Manaus (AM) tem falta de oxigênio em hospitais lotados no pico da segunda onda

Manaus (AM), uma das primeiras cidades a ver seu sistema de saúde colapsar logo no início da pandemia, vive uma tragédia anunciada com a explosão de casos de Covid-19 e a falta de oxigênio em hospitais lotados desde o dia 14 de janeiro. Pacientes estão morrendo asfixiados, relataram os profissionais de saúde, e mais de 200 foram transferidos para outros estados.

Uma matéria da Folha de São Paulo, publicada na mesma semana, indicou que o Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, “foi avisado sobre a escassez crítica de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas, pela empresa que fornece o produto e até mesmo por uma cunhada sua que tinha um familiar ‘sem oxigênio para passar o dia'” –  e com ao menos quatro dias de antecedência. Sobre a notícia, declarou que não tinha o que fazer e pediu “calma”. Dias antes, na semana do colapso absoluto, o ministro financiou uma força-tarefa de médicos apoiadores do ineficiente “tratamento precoce” em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Manaus.

Apesar de uma nova cepa do vírus ser apontada por especialistas como a causa mais plausível para o aumento vertiginoso de casos da doença na cidade, esse cenário caótico antecede, como agravante, outra sucessão de negacionismos por parte do poder público, apontou o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia. Em entrevista ao Estado de São Paulo, destacou a rejeição à implementação do lockdown, sugerida desde setembro, por parte do governador do estado, Wilson Lima –  cuja decisão foi celebrada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores – ,  e ao que chamou de “má ciência”, em referência a um estudo publicado por pesquisadores dizendo que Manaus havia atingido a imunidade de rebanho. “Isso circulou pelo meio político, nas mesas de bar. Hoje mais gente questiona o estudo.  Mas a partir dali [setembro de 2020] a população relaxou e o final da história é esse que vimos”, lamentou.

Enquanto o colapso de Manaus despertou forte mobilização da sociedade civil para mitigar a situação dos hospitais, com campanhas de doação e compra de cilindros de oxigênio, o presidente manteve sua postura irresponsável e negacionista. “Fizemos a nossa parte”, declarou, além de reforçar sua defesa ao uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19.

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Covid-19: CIDH diz que ação de Bolsonaro para proteger indígenas “não foi suficiente”

Órgão da OEA afirma que ações do governo não foram suficientes

Crédito: Sesai/via CC BY-SA 2.0

14 jan 21

Covid-19: CIDH diz que ação de Bolsonaro para proteger indígenas “não foi suficiente”

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), anunciou medidas cautelares a favor do povos Guajajara e Awá da Terra Indígena Araribóia (MA) contra a negligência do governo Bolsonaro no contexto da pandemia de Covid-19. Falhas na atenção à saúde e a presença de invasores em seu território foram alguns dos pontos apresentados pelos indígenas, em dezembro do ano passado.

Como já havia sido denunciado por outras comunidades, a queixa menciona o Distrito Sanitário Especial Indígena (DESEI) como epicentro de casos positivos da doença entre os indígenas da região, no início de julho do ano passado. A partir da análise dos dados apresentados –  como o fato de que  8% da população da TI Araribóia teria sido diagnosticada com Covid-19 até agosto de 2020 – e da falta de informações, por parte do estado braileiro, da implementação e eficácia dos planos de combate à doença entre a população indígena, a comissão entendeu que “não se contou com elementos que indiquem que as ações do Estado tenham sido suficientes e eficazes na proteção dos povos indígenas que vivem na TI Araribóia”.

Diante da constatação, a CIDH solicitou ao Brasil que sejam adotadas medidas para a proteção dos direitos “à saúde, à vida e à integridade pessoal” dos Guajajara e Awá da TI Araribóia, o que inclui assistência médica adequada e ações preventivas contra a disseminação da doença.

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Relatório denuncia negligência do governo em proteger povos indígenas da Covid-19

Apib fala em “política do ódio”

Crédito: Valentina Ricardo/Greenpeace

10 dez 20

Relatório denuncia negligência do governo em proteger povos indígenas da Covid-19

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) voltou a denunciar a negligência do governo no combate à Covid-19 com o relatório “Nossa luta é pela vida”, que detalha o impacto da pandemia entre a população indígena. Cinco meses após a organização conseguir, via Supremo Tribunal Federal (STF), a obrigatoriedade da adoção de medidas de proteção aos povos indígenas por parte do governo federal, a decisão segue sendo ignorada pelo governo Bolsonaro, aponta o relatório.

Como forma de mensurar o real impacto da doença na comunidade, a Apib, em colaboração com outras organizações indígenas, tem contabilizado de forma autônoma, para além dos dados oficiais apresentados pela Sesai, o avanço da pandemia entre a população indígena. Até dezembro, foram 800 mortos, 42019 casos confirmados e 161 povos afetados, mais da metade dos que vivem no Brasil. “Muito mais do que números, foram nossos pajés, nossas rezadeiras e rezadores, parteiras, anciões e anciãs, cacicas e caciques que partiram. Perdemos os nossos velhos que guardavam as lembranças da memória de nossa ancestralidade, guardiões do conhecimento, dos cantos, das rezas, da nossa espiritualidade. Lideranças que dedicaram suas vidas à luta pela defesa do território, da integridade e da existência física e cultural de seus povos“, diz o relatório.

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