Os dez primeiros casos de contaminação pelo novo coronavírus na Reserva Indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul (MS), vieram da fábrica do frigorífico JBS instalada no município, segundo reportagem do observatório jornalístico sobre o agronegócio De Olho nos Ruralistas. A JBS é uma empresa brasileira de carnes e alimentos e está entre as maiores do mundo, comprando matéria prima de fazendas do Cerrado e da Amazônia.
O cacique Gaudêncio Benites, da etnia Guarani Kaiowá, líder da aldeia Bororó, afirma que já são 30 indígenas da aldeia Bororó com sintomas da doença. A transmissão comunitária na região pode causar uma tragédia entre a população, uma vez que as aldeias que compõem a Reserva Indígena de Dourados – Bororó, de maioria Guarani Kaiowá, e a vizinha Jaguapiru, da etnia Terena – contam com uma população de 19 mil indígenas.
Uma funcionária da JBS, residente da aldeia Bororó, foi o primeiro caso de Covid-19 entre indígenas no estado, segundo confirmação da Secretaria de Saúde (SES) no dia 13 de abril.
Em nota oficial, o governo do MS afirmou que a SES, a Secretaria Municipal de Saúde de Dourados, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e a JBS estão fazendo o levantamento de todas as pessoas que tiveram contato com a funcionária contaminada. Porém, segundo o cacique Benites, a empresa realizou a testagem apenas de seus funcionários, não incluindo seus familiares. Também não há, de acordo com o líder indígena, apoio aos doentes e às famílias por parte da JBS.