A sociedade civil brasileira recebeu com surpresa a notícia de que a Polícia Civil do Pará realizou a prisão preventiva de quatro brigadistas em Alter do Chão, no município de Santarém (PA). As prisões foram feitas como parte de uma operação que investigava os incêndios florestais que atingiram Alter do Chão em setembro, que queimaram uma área equivalente à 1600 campos de futebol. De acordo com a polícia, a investigação apontava que ONGs, entre elas Brigada Anti-Incêndio de Alter do Chão, foram responsáveis por começar o fogo.
A polícia também invadiu o escritório do Projeto Saúde e Alegria (PSA), usando um mandado de busca e apreensão genérico para levar computadores e documentos. Uma semana antes, a ONG havia ganhado um prêmio como uma das 99 melhores ONGs do país.
“É uma situação kafkaniana, um pesadelo. O que a gente percebe claramente é uma ação política para tentar desmoralizar as ONGs que atuam na Amazônia. É muito preocupante”, disse Caetano Scannavino, coordenador da PSA, que também afirmou conhecer os brigadistas, um dos quais, trabalha em sua ONG. “Todos me parecem pessoas extremamente comprometidas”, afirmou.
Mais tarde nesse mesmo dia, um delegado da Polícia Civil afirmou ter bastante material sobre irregularidades no trabalho de ONGs no estado. Ele alegou que três ONGs de Santarém – Projeto Saúde e Alegria, Brigada Alter do Chão e Aquíferos Alter do Chão – receberam dinheiro da WWF Brasil para combater os incêndios, mas que parte do dinheiro havia sido desviado. A informação sobre desvio de dinheiro não fazia parte da denúncia original que veio à público.
As três ONGs publicaram notas negando irregularidades, disseram-se surpresas com as acusações e se disponibilizaram a prestar esclarecimentos ao inquérito.
No dia 27, durante uma audiência de custódia, os quatro brigadistas detidos pediram a suspensão das prisões preventivas e a petição foi negada pelo juiz. A defesa dos ativistas disse que levaria o caso para a esfera estadual para pedir um habeas corpus.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, quando perguntado sobre o caso, disse ser uma investigação estadual e que é necessário esperar a conclusão do inquérito.
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